quarta-feira, 28 de abril de 2010

A armadilha do espelho

À distância, escutou o chamado do pacote de Bono. Trocou de canal, passou as fotos para o Facebook, tentou distrair-se mas a voz se tornava cada vez mais forte e imperativa. Até que não resistiu. Voltou à cozinha. "Só uma", enganou-se. Comeu a primeira, a segunda e logo pacote se converteu em pequeníssimos farelos.
A deglutição da última bolacha a fez despencar no abismo da culpa. Viu-se incapaz de controlar seus instintos, prisioneira de suas vontades, impotente frente à sua impetuosa e inesgotável gula. Não conseguia entender como um problema com uma solução tão rudimentar podia arrastar-se por tanto tempo.
Talvez fosse melhor que o emagrecimento dependesse de uma série de formulários burocráticos e procedimentos complexos. Pode ser que diante de obstáculos ela se sentisse um pouco mais firme e estimulada, mas não. A saída era simples e só dependia dela. "Começo de novo amanhã", e foi jantar no Burger King.
No dia seguinte, ao sair do banho, o reflexo de seus excessos apedrejou seu corpo todo. "Daqui em diante, vou viver de salada e Coca Light" prometeu. Antes de sair, virou-se de costas e se certificou novamente de seus rosados braços moles. E mais uma vez ela caiu na armadilha do espelho. Enquanto visse a gordura, pensaria que o peso era o seu único problema. Na verdade, este era apenas o único que estava disposta a enxergar.

Um comentário:

  1. ai meu deus, preciso que meus pacientes entendam isso... algumas vezes, já precisei entender isso... acho que talvez ainda precise kkkk xero sua galega linda, sempre de olho na senhorita, saudades sem fim!

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