sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Uma saudade


29 anos. Às vezes, sinto como se fosse ter 25 para sempre, 

mas é claro que eu tenho 29. Tenho tido umas dores 

nas costas, novidade pra mim, e quando comparo as fotos 

de oito anos atrás sinto como se meu rosto estivesse derretendo. 

Vejo que perdi a paciência para conviver com quem eu já não

admiro muito e estou me conformando em me tornar uma dessas 

velhinhas que dirige com o pescoço para frente, colada na direção. 


Ainda saio com frequência e com frequência tento me convencer 

de que ainda estou me divertindo. Antes a festa começava antes 

da festa, amigas disputando um lugar no espelho, música alta e 

maquiagem, a gente passando a chapinha mais uma vez 

só pra ter certeza que não tinha como ficar mais liso.


Bom era aproveitar o sol do meio dia, aquele que queima mesmo, 

voltar pra casa com a pele quente e o cabelo melado de mar.

Eram três meses de verão intenso. Convites, caronas e 

deliciosos cachorros quentes depois das cinco da manhã. 

Tive dezenas de calças brancas, centenas de blusas rosa e 

acabei com o meu cabelo de todas as formas que se pode imaginar.


Não consigo dizer exatamente o que aconteceu em cada ano. 

Parece que a vida achata o tempo como um 

compensado de madeira, mas lembro que cada época 

tinha a sua moda: as calças da Ciclovia, as pochetes da Cantão, 

lurex e shantoon de todas as cores nas festas de 15 anos. 

Depois vieram os tops, os decotes, os cintos de strass,

as argolas de prata e plataformas da Schultz.


Hoje o uniforme são vestidos justíssimos e blusas estilo secretária, 

aos quais aderi por falta de imaginação, e, graças às inúmeras 

pintinhas que me restaram dos verões incríveis, agora passo 

protetor solar em dia nublado e vou à praia de guarda sol.


Só eu sei como me diverti quando o futuro ainda estava tão longe. 

Agora ele está bem perto e de vez em quando eu fico com medo.



4 comentários:

  1. Querida, adoro entrar aqui, é como ler seus pensamentos, já que você é sempre tão discreta. E adoro também quando você aparece por lá, sempre tão amável com as palavras. Não tenha medo do futuro. Quanto mais perto ele chega, mais textos, palavras e experiências a gente tem. :)

    Beijão!
    PS: fiquei curiosa para saber da vaga de redatora. Me manda, se você ainda tiver? flanzies@gmail.com :*

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  2. Oi Sarah, leio seu blog desde a época do texto "Quase", que por sinal é perfeito. Mais desta vez deixo minhas palavras pra dizer que cada post seu é melhor do que o anterior. Parabéns!

    Não sou jornalista, redator ou algo semelhante, por isso, perdoe os erros.

    Talvez você lembre do blog que passei uma vez, porque postei o seu texto lá e lendo os seus pensamentos, reflexões, resolvi voltar a postar.

    Não pare NUNCA e se um dia mudar o endereço da sua arte, por favor me avise.

    Ah! Feliz 29 atrasado, faço 28 amanhã!

    Um abra-ço...

    blog: blogdu.leandru.com.br
    portifólio: www.leandru.com.br

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  3. Expressão. Arte da alma. Quando conseguimos nos expressar o mundo se torna maior do que os parcos limites que, muitas vezes, nos prende ao chão com correntes "amargas".
    Todas as vezes em que conseguimos nos abrir para o mundo, o mundo também parece penetrar em nós, com sua magia, com seu mistério, com sua beleza e com a esperança sussurrada em nossos ouvidos: "A vida não termina onde seus olhos indicam o fim. A vida é um suceder infinito, chamando tudo na direção do evoluir.

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  4. Nossa, ADORO textos com finais 'com o efeito' que um bom final merece (inclusive nos meus, sempre procuro e gosto de fazer isso). E eu percebo isso nos seus, esse não é o primeiro, mas "Só eu sei como me diverti quando o futuro ainda estava tão longe. Agora ele está bem perto e de vez em quando eu fico com medo." ficou incrível!

    Adorei, mais uma vez. :)

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